No círculo das deusas nós buscamos revelar a Sombra e velar a Luz. Olhar e aceitar as inúmeras faces do nosso ser, as diversas emoções que somos capazes de sentir, as diferentes formas de pensar uma das outras e os ciclos da natureza nos permite viver com mais amor por nós e pelos outros, e nos lembra que somos um círculo dentro do círculo universal.

Abertura intuitiva ativando as energias dos planos de baixo, do meio e de cima.

Dança circular com a música Espiral .

Apresentação e partilha.

Deusa Coatlicue – Dor Meditação conduzida por Suzi:
 (Inspirada e adaptada do livro O Oráculo da Deusa, de Amy Sophia Marashinsky)

Com a cabeça pesada devido a uma perda. Com os olhos cegos devido às lágrimas. Encontro-me incapaz de descansar. Sinto-me incapaz de encontrar calma. Estou seca de tanta lágrima de chorei. Meus ossos parecem pó ao sol do deserto. Meu coração arrancado do peito está partido no solo. Cada passo que dou pareço estar me pisoteando. Cada respiração abre minhas feridas. Como posso suportar o insuportável? Como posso sobreviver ao que parece insuperável? Minha tristeza não terá fim? Nunca preencherei o vazio da perda? Minha ansiedade nunca cessará? … Sou Coatlicue, a Deusa Mãe Asteca que teve a amada filha decapitada, e mergulhada em minha imensa e eterna dor, coloquei a cabeça luminosa da minha filha no céu, e ela se transformou na Lua. Assim sou chamada também de Mãe da Lua… Eu estou aqui hoje para te falar da dor. Sou Coatlicue, a deusa da dor. A dor que destrói, a dor que fere, mas que ensina e fortalece. Estou aqui para lhe contar que não existe modo de fugir da dor, nem lugar onde esconder-se dela. O caminho para a totalidade está em passar pela dor e aprender com ela. Você tem sentido medo de enfrentar o sofrimento, de aceitar a dor e passar pelo processo de luto que ela trará? Você tem se escondido da dor e fingindo que está tudo bem? Talvez o teu medo da dor seja tão grande que você prefere negá-la e fingir que está sempre tudo bem. Assim permanecerá presa a ela, pois não a deixará fluir pelo seu corpo, passar por você, e deixar ir. Talvez você esteja se apegando a uma situação que precisa ser deixada para trás, com medo da dor que isso causaria. Mas saiba que o medo é como um nevoeiro que não nos deixa ver a realidade da vida. Entretanto, quando sabemos o que nos amedronta, retomamos o nosso poder. É imprescindível para o nosso processo de cura que não tenhamos medo da dor. Se você evita olhar para suas dores e feridas venho dizer-lhe que é necessário para o processo de cura que você sinta a dor. A vida é perda, e perda faz parte da vida. As estações mudam, e tudo está em estado de transição. Se a dor for encarada plenamente ela também entrará no estado de transformação e finalmente diminuirá de intensidade. Com o tempo você se sentirá mais forte e animada. Um dia suas feridas cicatrizarão. O processo demora o tempo necessário. Coatlicue diz para você viver a dor sem medo para que a cura possa vir, e assim a renovação.

Mitologia e atributos:

Coatlicue é a Deusa Mãe do povo Asteca. Ela é a mãe de todas as divindades desta tradição. Alguns povos a chamam de Coatlicue, que significa saia de serpente, outros a chamam de Cihuacoath, que significa mulher serpente, e outros a chamam de Tonantzin, que significa Mãe. Ela é chamada assim por ser representada usando uma saia de cascavéis que balançam. Ela usa serpentes em sua representação porque a cobra é símbolo da ciclo constante da vida, morte e vida, a eternidade. Coatlicue é a Mãe Terra do povo Asteca, a responsável pela Vida e pela Morte, representando ciclos de início, fim e recomeço. Ela também é considerada a deusa da dor transformadora, que ao passar pelo sofrimento se fortalece e gera a energia poderosa da luz e da renovação. Sua mitologia conta que ela era a mãe de todos os deuses. Certo dia ela encontrou plumas com penugem branca e, colocando-as sobre o peito, ficou grávida. Quando seus outros filhos deuses descobriram a gravidez, ficaram com ciúmes e juraram matá-la para impedir que o novo filho tomasse seu lugar no panteão. Apenas sua amada filha, Coyolxauhqul, a deusa da Lua, avisou-a do perigo. Então um de seus filhos, o deus do Sol, matou a deusa da Lua por ter traído os irmãos e contado o plano maligno dos irmãos. A Mãe Coatlicue, então, de luto, em meio a muita dor e sofrimento, colocou a cabeça luminosa da filha no céu, que brilhou e iluminou seu povo eternamente, tornando-se a Lua no céu.

Coatlicue é considerada o arquétipo da renovação e por isso é representada com serpentes nas saias e na cabeça, pois a serpente tem o poder da auto-renovação devido sua habilidade de mudar de pele. Este poder da serpente sempre foi considerado semelhante ao poder da Lua, que se renova todo mês depois de sua morte aparente e simbólica. Este caráter renovador e cíclico da serpente e da lua atribuiu a estes símbolos a representação da imortalidade e eternidade. Por isso é tão comum encontrar registros, pinturas e esculturas de serpentes e luas em rituais sagrados antigos de celebração a vida e a eternidade. O templo da deusa grega Deméter, por exemplo, era guardado por serpentes. A deusa grega Hécate era ela mesma muitas vezes representada metade cobra e metade mulher, ou com cobras no cabelo, assim como a Medusa.

Do ponto de vista arquetípico, o ciclo de Vida, Morte, Vida é a pura representação da natureza, portanto reflete a realidade de todos os seres. Parte deste conhecimento está contaminada pelo temor a morte, dor e sofrimento. O sentido que damos a vida e a morte física de tudo, se será sofrimento ou renovação, depende da cultura e sociedade em que nos inserimos ou da nossa própria filosofia de vida.

Anotações e reflexões:

Os principais atributos da deusa são a renovação a partir da dor, sofrimento, sacrifício ou morte. Renascimento, regeneração, renovação, ciclo de vida morte vida. É necessário vivermos a dor para aprendermos com ela, nos fortalecermos, reconhecermos nossa força interior e finalmente deixarmos o sofrimento ir embora.
Faça uma lista de suas dores. Físicas, emocionais, novas, antigas, pequenas, grandes, o que vier.
Agora escreva ao lado da dor o sentimento que vem imediatamente quando pensa nela.
Agora escreva ao lado o sentimento que você acha que pode ter causado essa dor.  

Vivências:

Ritual refletindo sobre nossas dores, feridas, mágoas, sensações e sentimentos que isso nos trás, e expressando através do corpo físico, do movimento e da dança. Conduzido por Gaby.

Meditação de limpeza e equilíbrio para nos livrarmos da dor e do sofrimento e nos abrirmos para um novo ciclo, regenerando nossos pensamentos, nossas emoções, nossos corpos, nossas células e nossa vida. Abrindo-nos para uma nova vida de amor e prosperidade. Conduzido por Gaby.

Dança ritual da serpente e da lua nova – renovação. Conduzida por Suzi:
Explicação técnica e simbologia sagrada dos movimentos.
Movimentos sinuosos e serpenteados com o corpo representando regeneração, energia nova, vida nova, imortalidade e infinito. Redondos, oito para cima, snake, oito para trás, ondulações de braços, infinitos.
Pisadas batidas formando o círculo. Em movimento, braços abrindo e fechando representando Lua crescendo e minguando. Giro chamando energia da Lua Nova para renovação. Corpo se fecha recuando, Lua Nova. Corpo se abre avançando, Lua Cheia.  Repetições, círculo final serpenteando. Técnica e simbologia sagrada dos movimentos. Música Machi Cura

Partilha e fechamento.

Suzi Ribeiro.

Este é um movimento voluntário para facilitar o resgate da espiritualidade feminina, com partilhas e vivências, onde estudamos as deusas mitológicas como inspiração para vivenciarmos a multiplicidade de energias, fases e atributos do feminino. Os alimentos e bebidas podem ser trazidos pelas integrantes. Tenham um caderno de anotações para auxiliar as práticas. Trazer manta em dias frios. Contribuição para o espaço físico R$20.