Em círculo somos conduzidas por uma força maior, nos sentimos parte de um fluxo de energia poderosa e amorosa que faz as coisas acontecerem e promovem sutilmente a cura.

Abertura:
Meditação intuitiva ativando as energias.

Dança circular de conexão com a energia de Oxum, pensando em seus principais atributos, como fertilidade, sensualidade, autoconfiança, emoções e movimento relacionados às águas doces. Com a música “Eu vi Mamãe Oxum na Cachoeira

Partilhas:

Estamos tendo tantas partilhas do quanto os círculos têm feito bem para todas nós. Está claro o quanto as deusas apresentadas no oráculo para trabalharmos nos nossos círculos estão em harmonia com o desenvolvimento do nosso grupo. Pois a deusa de hoje, Oxum, representa a deusa das águas doces, do movimento constante, do poder criativo a partir da sensualidade, sexualidade e fertilidade.  “Um homem não pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando ele entrar novamente o rio não será mais o mesmo, e nem o homem”. Nos rituais que fizemos nos últimos encontros reconhecemos e entregamos nossas sombras trabalhando a energia de Hécate, depois desta limpeza trabalhamos a harmonia e prosperidade de Lakshimi, e agora é hora de movimentar nossa energia sexual e criativa, olhar para nossa beleza e poder interior, acolher nosso poder feminino e criar o que desejamos para receber a abundância das águas doces de oxum. A canalização de energia para a carta da deusa que trabalhamos agora, Oxum, foi muito especial, pois conversa com questões pessoais vividas atualmente por integrantes do nosso círculo sagrado. E neste mesmo dia, a conversa com meu parceiro sobre os aspectos desta deusa despertou nele um lindo processo criativo em que ele pintou uma grande tela de Oxum, para homenagear e abençoar nosso círculo. Os principais atributos de Oxum também se relacionam com o maior propósito do meu trabalho, que é auxiliar no empoderamento feminino através do reconhecimento, resgate e desenvolvimento da sensualidade e integração do corpo com a dança.

 

Oxum

Poesia:

(livro O Oráculo da Deusa, de Amy Sophia Marashmskv)

Oh, deixe-me deliciá-la com a minha beleza. De modo que seus olhos possam dançar de alegria. Deixe-me seduzi-la com perfumes, para que você inspire prazer. Deixe-me excitar seu paladar, até sua língua tremer. Deixe-me acariciá-la com um som, que faça seus ouvidos zunirem. Deixe-me tocar o seu corpo, com a música da cachoeira e adornar sua beleza com braceletes dourados, mel e perfume. E quando tudo tiver sido feito, quando todos os seus sentidos tiverem sido despertados, quando seu espírito celeste se unir de modo jubiloso com seu corpo terrestre então você conhecerá a sensualidade.

Significado da Carta:
(livro O Oráculo da Deusa, de Amy Sophia Marashmskv)

Oxum aparece sedutoramente em sua vida e adula você para lembrá-la de reverenciar a sua sensualidade. A totalidade é alimentada quando você concentra sua atenção e seu tempo no corpo, respeitando e dando espaço aos sentidos e à sensualidade. Oxum está aqui para dizer que é hora da sensualidade. Ela a convida a seguir sua orientação.

Sobre:

Oxum é uma deidade africana da cultura Yorubá. Seu nome deriva do rio Ọsun. Essa deusa foi absorvida pela cultura brasileira especialmente dentro das religiões do candomblé, umbanda e práticas que buscam conexões com as energias da natureza através dos Orixás (Ori = cabeça, Xá = santo). Na religião católica Oxum é simbolizada por Nossa Senhora da Conceição, ambas homenageadas no dia 08 de dezembro e ligadas à maternidade. Na cultura brasileira ela é a deusa das águas doces: rios, riachos, nascentes, lagos e cachoeiras. Por isso é considerada a deusa da fertilidade, simbolizando o amor e a união. Também conhecida por seu amor pelas coisas belas, seus mitos mostram que ela é vaidosa, valoriza e assume sua beleza e sensualidade, e gosta de se enfeitar com amarelo e dourado. Por isso as religiões que trabalham com esta linda energia feminina costumam fazer oferendas com mel e moedas douradas, em ambientes aquáticos. Nas representações, pinturas, esculturas e imagens, seu colar de búzios simboliza o conhecimento. Dizem que as mulheres dedicadas a Oxum carregam seus atributos sensuais nos gestos e no jeito de caminhar e dançar, fluidos, excitantes e provocantes como o fluxo do rio. Ninguém consegue escapar de seus encantos. Ela representa a profundidade da alma, emergindo das águas do inconsciente para a luz da compreensão íntima. É considerada uma deusa tríplice que representa a mulher em todas as suas fases: criança, donzela, mãe, esposa, amante e sacerdotisa. Assim como um rio, em sua nascente frágil como uma criança e vital como uma donzela; em seu auge cheio de vida e nutrição como uma mãe, esposa e amante; e em sua paz e tranqüilidade e sabedoria como uma sacerdotisa. Em qual momento você está na sua vida?

Mitologias:
(Retiradas do livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi)

Oxum dança para Ogum na floresta e o traz de volta à forja.
Perante Oxalá, Ogum havia condenado a si mesmo a trabalhar duro na forja para sempre. Mas ele estava cansado da cidade e da sua profissão. Queria voltar a viver na floresta, voltar a ser o livre caçador que fora antes. Ogum achava-se muito poderoso, sentia que nenhum orixá poderia obrigá-lo a fazer o que não quisesse. Ogum estava cansado do trabalho de ferreiro e partiu para a floresta, abandonando tudo. Logo que os orixás souberam da fuga de Ogum, foram ao seu encalço para convencê-lo a voltar à cidade e à forja, pois ninguém podia ficar sem os artigos de ferro de Ogum, as armas, os utensílios, as ferramentas agrícolas. Mas Ogum não ouvia ninguém, queria ficar no mato. Simplesmente os enxotava da floresta com violência. Todos foram lá, menos Xangô. E como estava previsto, sem os ferros de Ogum, O mundo começou a ir mal. Sem os instrumentos para plantar, as colheitas escasseavam e a humanidade já passava fome. Foi quando uma bela e frágil jovem veio à assembléia dos orixás e ofereceu-se a convencer Ogum a voltar à forja. Era Oxum a bela e jovem voluntária. Os outros orixás escarneceram dela, tão jovem, tão bela, tão frágil. Ela seria escorraçada por Ogum e até temiam por ela, pois Ogum era violento, poderia machucá-la, até matá-la. Mas Oxum insistiu, disse que tinha poderes de que os demais nem suspeitavam. Oxalá, que tudo escuta mudo, levantou a mão e impôs o silêncio. Oxum o convencera, ela podia ir à floresta e tentar. Assim, Oxum entrou no mato e se aproximou do sítio onde Ogum costumava acampar. Usava-a tão-somente cinco lenços transparentes presos à cintura em laços, como esvoaçante saia. Os cabelos soltos, os pés descalços, Oxum dançava como o vento e seu corpo desprendia um perfume arrebatador. Ogum foi imediatamente atraído, irremediavelmente conquistado pela visão maravilhosa, mas se manteve distante. Ficou a espreita atrás dos arbustos, absorto. De lá admirava Oxum embevecido. Oxum o via, mas fazia de conta que não. O tempo todo ela dançava e se aproximava dele, mas fingia sempre que não dera por sua presença. A dança e o vento faziam flutuar os cinco lenços na cintura, deixando ver por segundos a carne irresistível de Oxum. Ela dançava, o enlouquecia. Dele se aproximava e com seus dedos sedutores lambuzava de mel nos lábios de Ogum. Ele estava como que em transe. E ela o atraía para si e ia caminhando pela mata, sutilmente tomando a direção da cidade. Mais dança, mais mel, mais sedução, Ogum não se dava conta do estratagema da dançarina. Ela ia na frente, ele acompanhava inebriado, louco de tesão. Quando Ogum se deu conta, eis que se encontravam ambos na praça da cidade. Os orixás todos estavam lá e aclamavam o casal em sua dança de amor. Ogum estava na cidade, Ogum voltara! Temendo ser tomado com fraco, enganado pela sedução de uma mulher bonita, Ogum deu a entender que voltara por gosto e vontade própria. E nunca mais abandonaria a cidade. E nunca mais abandonaria sua forja. E os orixás aplaudiam e aplaudiam a dança de Oxum. Ogum voltou à forja e os homens voltaram a usar seus utensílios e houve plantações e colheitas e a fartura baniu a fome espantou a morte. Oxum salvara a humanidade com sua dança do amor.

Oxum é transformada em pavão e abutre.
Nos primeiros tempos do mundo, aconteceu uma rebelião dos orixás contra Olodumare. Achando que o Senhor Supremo vivia muito distante de tudo, os orixás decidiram não lhe prestar mais obediência, dividindo entre eles mesmos todo o poder do axé, pensando até mesmo em destronar Olodumare. Quando a notícia da conspiração chegou aos ouvidos de Olorum, sua reação foi simples e imediata: retirou a chuva da Terra e a prendeu no Céu. Não tardou para que o Aiê fosse atormentado por terrível seca. Com a seca veio a fome e com a fome veio a morte. Os homens começaram a morrer. Logo o ronco das barrigas e a palidez das faces começaram a falar mais alto que o orgulho dos rebeldes e seus planos de levante. Unanimamente os orixás decidiram ir a Olodumare implorar por perdão, esperando que a chuva caísse de novo e que tudo o mais na Terra voltasse ao normal. Mas eles tinham um problema: como chegar à inalcançável e distante casa do Senhor Supremo? Enviaram todas as espécies de pássaros, que voavam para o Céu até o total esgotamento, sem sequer se aproximar da casa de Olodumare. As esperanças já se diluíam em tanto fracasso. A seca e a fome devastavam a Terra e seus habitantes. Foi quando Oxum resolveu intervir. Transformada num belíssimo pavão, ela se prontificou a ir até Olodumare. Um tremor de gargalhadas sacudiu a Terra. Como aquela criatura pretendia voar até o inalcançável? Justamente aquela mimada, vaidosa e fútil ave! “Vais acabar te machucando, gracinha”, riam os orixás. Mas como nada tinham a perder, aceitaram. E lá, se foi Oxum-pavão seguindo em direção ao sol, voando às alturas do Orum em busca do palácio do Senhor. Voando mais alto e mais alto, a ave perdia as forças, mas não desanimava de sua inquebrantável determinação. O sol foi enegrecendo suas penas, muitas se queimaram. As penas da cabeça ficaram ressequidas e quebradiças; o pavão tinha queimaduras pelo corpo todo, seu estado era miserável. Mas lá ia Oxum voando em direção ao sol. Quase morta, chegou às portas do palácio de Olodumare. Olodumare se compadeceu da pobre criatura. Acolheu-a, deu-lhe água e a alimentou. Por que fizera tão impossível jornada, ele perguntou ao pavão, que de pavão perdera toda a graça e beleza. Agora era uma ave feia, careca e de penas queimadas, à qual os homens, quando ela voltou,  chamaram de abutre. Fizera o sacrifício pelas suas crianças, a humanidade, ela explicou ao Ser Supremo. Olodumare, penalizado com a pobre ave, deu-lhe a chuva para que ela a devolvesse à Terra. E nomeou o abutre mensageiro seu, pois só ele vence a inalcançável distância em que está Olodumare. O abutre então voltou à Terra trazendo a chuva de volta. Oxum-abutre trouxe a chuva de volta e com ela a fertilidade do solo e os alimentos. E graças a Oxum a humanidade não pereceu.

Atributos:
Protetora de mães e crianças, gosta de nutrir, alimentar, zelar e proteger todos que necessitam de cuidados. Por isso são maternos e cuidam muito bem de seus filhos. Preocupa-se com o conforto das pessoas, querendo fazer com que se sintam bem e satisfeitas. É teimosa, resistente, desconfiada. Não gosta muito de ir ao médico e tenta se curar sozinha. Gosta de ficar em casa e jamais ficará entediada porque sempre encontrará o que fazer. Gosta de trabalhos domésticos como culinária, agricultura, partos e amamentação. É muito intuitiva e cautelosa. É sentimental, romântica e necessita receber retribuição do amor que dá. Gosta de se sentir admirada e desejada. Fica cega de paixão, está sempre à procura de um amor e quando o encontra nada o separa dele. É graciosa, tem boas maneiras, sensibilidade e compaixão. Tem boa memória e não esquece o passado, por isso se mágoa facilmente. Em algumas religiões brasileiras, as pessoas que possuem estes atributos são consideradas filhas deste Orixá. Filhas de Oxum. Como chefe sempre estimula seus empregados a produzirem mais para ganharem mais. Como empregado é competente, dedicado e tem a capacidade de se tornar indispensável.

Equilíbrio:
Trabalhar esta energia e inspiração dos atributos de Oxum pode trazer sabedoria, autoconfiança e consciência do seu poder feminino. Em equilíbrio, representa uma mulher que utiliza seus encantos com sabedoria, gosta de dançar de forma sensual, sente-se livre, é materna e deseja nutrir e as pessoas e as fazer sentir-se bem. É forte, não desiste de seus objetivos e sabe que seu poder está na sua sensualidade e fertilidade, energia criativa. Como sabe lidar bem com seus poderes, também é equilibrada na administração do dinheiro. A melhor maneira de desenvolver estes atributos é fazer práticas que despertem o contato com seu corpo, sua energia e sua sensualidade, manter uma vida animada e solta, encarar com otimismo seus conflitos e rir sempre. A meditação também é uma excelente ferramenta para programar a mente positiva para seu corpo.

Desequilíbrio:
Com esses aspectos em excesso ou falta pode causar atitudes como excesso de cautela, insegurança, preguiça, egoísmo, pena de si mesmo e ciúmes. Seu desejo de satisfazer as pessoas pode passar dos limites e levá-la a esquecer sua vida pessoal para se dedicar a problemas alheios. Sua vaidade em excesso pode tornar-se futilidade e materialismo devido à nunca achar o bastante. Da mesma forma a falta de autoconfiança interior pode fazê-la nunca achar-se boa o bastante e causar um grande medo de não ser amada, ou ainda achar que não é amada o suficiente. Não recebe bem as críticas, pois aumentam seus complexos de inferioridade. A falta desta energia vital e alegre das águas doces e do acolhimento de suas emoções pode causar um grande mau humor, intolerância e pessimismo, gerando a vontade de abandonar os projetos quando as coisas ficam difíceis. A boa memória em desequilíbrio com suas emoções pode causar mágoa e fazê-la se isolar da vida.   

Vivências:

Responda as seguintes perguntas:
Qual a deusa trabalhada?
Quais atributos ou características você identificou nesta deusa?
Consegue relacionar algumas características dela na sua vida? (comportamento, jeito de ser, agir ou pensar, acha que tem estes atributos de mais ou de menos, ou se precisa desenvolvê-los)

Banho de Oxum purificando nossas emoções, nosso coração e lavando nossos olhos para enxergamos nossa beleza interior e a fertilidade do nosso poder interior.

Mantra no espelho “Eu me vejo, eu me reconheço, eu me amo”.

Despertar do sentido do toque e do amor próprio com auto massagem.

Com amor, Suzi.

Este é um movimento de resgate da espiritualidade feminina, com partilhas, vivências e dança. Estudamos as deusas mitológicas como inspiração, representando a multiplicidade das energias, fases e atributos femininos. Os alimentos e bebidas compartilhados podem ser trazidos pelas integrantes. Trazer manta em dias frios, pois ficamos com corpo parado durante as partilhas. Após seu primeiro encontro peça-me para incluí-la no grupo de contato para receber os materiais. Cada encontro tem contribuição de R$20 vinte reais.