Em círculo, criamos lindos momentos trocando criatividade, inspiração, energia, e aprendendo a arte da solidariedade amorosa no trabalho grupal.

Abertura:
Meditação intuitiva ativando as energias e dança circular na energia de Oxum, com a música “Eu vi Mamãe Oxum na Cachoeira”.

Vivências:
Leitura, reflexão e discussão, meditação guiada, dança e arte terapia.

No encontro passado fizemos ótimas reflexões sobre os atributos de Oxum, e iniciamos uma jornada de vivências para trabalhar essa energia feminina da natureza, representante das águas doces, do constante movimento, da sensualidade, da fertilidade e da beleza feminina. No encontro de hoje nossa deusa Patrícia nos levou a uma viagem de escuta, sensações, sabores, movimentos, auto observação e arte terapia. Através da leitura do conto de Oxum na maravilhosa versão infantil de Kiusam de Oliveira, refletimos sobre os principais aspectos da deusa africana Oxum, que aparecem na história, e como eles conversam com cada uma de nós. Após as reflexões, Pati nos conduziu a uma meditação guiada onde buscamos canalizar os principais aspectos da deusa e nos entregar a nossa intuição para receber uma mensagem interior. Conectadas a energia que entramos na meditação, conduzimos as integrantes a uma dança livre e intuitiva com véus, deixando nossos corpos se movimentarem, fluindo, caminhando, girando, ondulando, em contato com os véus como se fossem rios, lagos, cachoeiras, águas doces nos banhando, nos embalando e nos tocando com essa energia amorosa. Então Pati nos conduziu a uma vivência com arte terapia onde pudemos expressar livremente o que sentimos, vimos e recebemos nas vivências. Foi um profundo processo de encontro com nossa essência.

Mitologias:

Para o círculo de hoje Patrícia usou o livro “Omo Obá, Histórias de Princesas”, de Kiusam de Oliveira e ilustração de Josias Marinho. E nos contou a seguinte história:

“… A princesa menina Oxum tinha conhecimentos que ninguém mais tinha: ela conseguia hipnotizar com a sua beleza quem ela quisesse. Suas cores preferidas eram amarelo-ouro e dourado. Oxum era uma princesa menina que encantava a todos com a sua beleza e com o seu perfume. Gostava de usar seu adê, sua coroa toda de ouro, tendo nas pontas ouro no formato de gotinhas de chuva. Era um encanto, um brilho só. Como princesinha Oxum era vaidosa! Andava o tempo todo com um espelho na mão esquerda, mas não se esquecia de sua adaga na mão direita. Ogum também era amiguinho de Oxum, mas por ela ele nutria um sentimento de bem-querer profundo e ele pensava: “Como eu gosto de Oxum”. O menino Ogum, mesmo criança, trabalhava muito e tinha a responsabilidade de construir objetos de ferro: utensílios e ferramentas agrícolas em geral. Ele era o melhor e nem homens adultos conseguiam fazer o que o menino Ogum conseguia. Mas, um dia, Ogum se cansou de tudo aquilo, parou de produzir tais objetos e decidiu a ir morar sozinho, no meio da floresta. Com o tempo, os objetos que só Ogum sabia fazer começaram a fazer falta na cidade e as pessoas já não tinham mais instrumentos para plantar e colher. Assim, todas as pessoas começaram a passar fome. Vários amigos de Ogum, menos Xangô, foram procurá-lo na floresta, mas foram expulsos de lá. Então, todos os homens daquela cidade se reuniram para discutir o que fariam com o menino Ogum. Oxum, muito atrevida, foi até lá e disse: – Senhores, eu quero ir à floresta tentar trazer meu amigo Ogum de volta para a cidade. Todos duvidaram do sucesso dela, mas resolveram deixá-la tentar. Oxum vestiu uma saia com lenços pendurados e perfumados que, com o vento, esvoaçavam. Tirou seu adê, sua coroa, soltou seus lindos cabelos negros e crespos e colocou os pés em contato com a terra. E assim, foi em direção ao sítio onde Ogum estava acampado. Quando a princesa Oxum avistou a cabana de Ogum, fingindo não ter visto nada, começou a dançar com a graça das águas calmas, delicada, suave, num  leve vaivém. Dos movimentos que seu corpinho de princesa fazia, um perfume delicioso exalava e este perfume chegou à cabana de Ogum. Que perfume delicioso é este? perguntou-se o menino Ogum. E saiu para ver de onde vinha o perfume. Eis que viu sua querida Oxum dançando lindamente com o vento. Mas Oxum fazia de conta que não estava vendo seu amigo Ogum. Conforme Oxum dançava para Ogum, que já estava escondido entre os arbustos, cada vez mais ela se aproximava dele. Quando Oxum estava bem pertinho dele, já hipnotizado por tanta graça e beleza, viu uma colméia de abelhas e disse: – Abelhas, abelhinhas. Derramem seu mel em minhas mãos para que eu possa adoçar o coração de um menino que precisa voltar para seus afazeres na cidade. As abelhas, encantadas com a beleza de Oxum e com a delicadeza com que havia feito o pedido, abriram uma fenda na colméia e o mel começou a escorrer nas mãos de Oxum. O mel brilhante como o ouro que escorria nas mãos de Oxum era passado na boca do menino Ogum, que estava adorando toda a doçura. Oxum cantava: – Tome o mel, meu amigo, mas venha para a cidade comigo. Ogum saboreava o mel, acompanhava a dança de Oxum e entre mel, perfume e dança, quando percebeu, já estava na cidade. Todos os amigos do menino Ogum, crianças e adultos, começaram a aplaudir o seu retorno; assim os utensílios voltariam a ser feitos e Ogum reassumiria suas funções de ferreiro. Ogum fez de conta que voltou por conta própria e disse: – Prometo nunca mais abandonar a cidade nem meu ofício de ferreiro. Agradeçam a Oxum, que me fez voltar para cá. E todas as pessoas que lá estavam gritaram: – Ora, iê, iê, princesinha Oxum.
Fonte: livro Omo Oba, Histórias de princesas, de Kiusam de Oliveira e ilustrações de Josias Marinho.

Arte terapia, por Patrísia Elias Pisani:

A Arteterapia é um método muito intenso de acesso ao inconsciente do ser humano por meio das imagens. É uma forma de autoconhecimento que explora leituras e interpretações da representação simbólica. Como terapia expressiva abrange todas as modalidades de uso de recursos artísticos: expressão plástica, dança, teatro, expressão poética, expressão corporal, contação de histórias, entre outros. Técnicas próprias da Arte propiciam que qualquer pessoa possa se encontrar em seu processo criativo, a fim de explorar e melhor compreender suas emoções, sentimentos e maneiras de agir. Neste caso, a Arte é utilizada como mediação criativa.

Susan Bello (1998, p. 11) apresenta uma proposta arteterapêutica que denominou Pintura Espontânea.  Para ela ”o Processo de Pintura Espontânea é um portal que nos capacita atingir uma dimensão potencial da mente não controlada pelo conhecimento racional”. Trata-se de uma experiência pautada no desejo de “expressar o universo consciente e mergulhar na imaginação”.

Quando discorre sobre o processo de Pintura Espontânea, BELLO (1998, p. 12) assinala que “o pintor recebe uma imagem ou inspiração e pinta sem saber”, assim como os pintores surrealistas. Trata-se de “um processo de autoconhecimento. A ênfase é dada em ser fiel a suas emoções e abaixar o nível mental, para pintar a mente inconsciente sem preocupação com julgamentos de certo e errado”.

A partir da proposta arteterapêutica de Susan Bello, desenvolvi o programa Pintura de Autoconhecimento, composto de 12 encontros e com duração de 60 horas. O objetivo do curso estava em possibilitar aos participantes um trabalho com foco nos desbloqueios emocionais, ajudando-os a reconhecer o que diz sua intuição, para torná-la possível de ser utilizada na vida cotidiana e na produção e tomada de decisões.

Entendo que a Arte nos possibilita o trabalho com a criatividade, a intuição, a expansão da consciência, o desenvolvimento da inteligência emocional, proporcionando um aprofundamento no autoconhecimento que nos permita mudar nossos sistemas de crenças e alcançar nossa meta transcendente de, a cada dia mais, assumirmos o compromisso com a nossa realização pessoal e consequentemente a felicidade.

*PATRÍCIA ADRIANE ELIAS PISANI: Arte-Terapeuta, Arte-Educadora e Artista Visual, com Especialização em Metodologia do Ensino da Arte, História da Arte, Meditação, Reiki e Programação Neurolingüística. Atualmente cursa mestrado em Tecnologia e Sociedade (UTFPR), com foco nos estudos sobre as representações das feminilidades e relações raciais. Vem desenvolvendo cursos, seminários e atendimentos com a finalidade de convidar as pessoas ao equilíbrio interior, à expansão de suas potencialidades e à concretização de suas metas. E-mail: paep75@yahoo.com.br

Protetora de mães e crianças, Oxum gosta de nutrir, alimentar, zelar, e fazer as pessoas se sentirem bem, felizes e satisfeitas. Vejo o nosso círculo exatamente desta forma, após muitos encontros, conexões e trocas de conhecimento, nasce um grupo unido de irmãs, mulheres, filhas da mesma mãe terra, em busca de fortalecer sua energia e espiritualidade femininas para ajudarem a si mesmas e aos outros, vibrando amor e gratidão.

Com amor, Suzi.